sexta-feira, 7 de novembro de 2008

“DIAMANTES SÃO ETERNOS”
Na cidade de Coire, na Suíça, a empresa Algordanza recebe a cada mês entre 40 e 50 urnas funerárias procedentes de todo o mundo. Seu conteúdo será pacientemente transformado em pedra preciosa.
'Quinhentos gramas de cinzas bastam para fazer um diamante, enquanto o corpo humano deixa uma média de 2,5 a 3 kg depois da cremação'. É o que explica Rinaldo Willy, um dos co-fundadores do laboratório, onde as máquinas funcionam sem interrupção 24 horas por dia. Isto é o que acabo de ler num noticiário da internet.
Os restos humanos são submetidos a várias etapas de transformação. Primeiro, viram carbono; depois, grafite. Expostos a temperaturas de 1.700 graus, finalmente se transformam em diamantes artificiais num prazo de quatro a seis semanas. Na natureza, como se sabe, o mesmo processo leva milênios.
'Cada diamante é único. A cor varia do azul escuro até quase branco. Uma vez obtido, o diamante bruto é polido e talhado na forma desejada pelos familiares do falecido para depois ser usado da maneira que melhor aprouver.
O preço desta ‘alma’ transparente oscila entre 2.800 e 10.600 euros, conforme o peso da pedra (de 0,25 a um quilate), o que, em tese, vale a pena, já que, em alguns países da Europa, um enterro completo custa por volta de 12.000 euros. A indústria do 'diamante humano' está em plena expansão, com empresas instaladas na Espanha, Rússia, Ucrânia e Estados Unidos.
‘A mobilidade da vida moderna é propícia para o setor’, declara Willy, que destaca as desvantagens de um sepultamento convencional ou o melindre provocado por guardar as cinzas em casa.
MINHA OPINIÃO
Em primeiro lugar, creio que uma cremação feita no Brasil reduziria o custo final, pois apenas um pequeno esquife com identificação seria enviado à ‘usina’. O que sei é que a perspectiva de me transfundir em um diamante me atraiu sobremaneira. E pelo que deduzi, posso, até mesmo, escolher a cor do ‘calhau’, que, no meu caso, por motivos viscerais, seria uma harmoniosa mescla de vermelho-e-preto...
Já sacaram as virtudes dessa espantosa metamorfose? Afinal, por razões estéticas, me apetece muito mais a idéia de vir-a-ser uma jóia indestrutível a virar uma massa disforme, prato-cheio para bactérias, vermes rastejantes e insetos carnívoros. Acresce o privilégio de, por algumas gerações, perdurar incorporado ao mundo concreto sob a forma de uma pedra translúcida que, mesmo não sendo preciosa – já que sua matéria-prima não era – se encravaria no engaste de um anel ou camafeu e figuraria no patrimônio de recordações da família. Imaginem o comentário futuro: - “Este diamante era meu tetravô”...
Nem precisaria ser grande, já que, pela tabela de preços, eu não teria grana para tanto; um dos menores... digamos... de 0,25 quilates, pago, se possível, em módicas prestações... ou no cartão de crédito, já estaria de bom tamanho. Não seria um ‘barato’?
Sobra ainda a vantagem inapreciável, sugerida por um dos meus filhos: ‘qualquer um – mas qualquer um mesmo! – ainda que tivesse sido em vida uma besta, seria “brilhante” na morte..., pois não é o carbono que qualifica nossos neurônios nem nossas sinapses’...
Mas meu devaneio primordial – quase delírio – seria desmoralizar a esvoaçante falange de anjos assexuados, encarregada do famigerado Juízo Final. Isso, claro, se este não passasse de uma ficção. Só de imaginar a cena, já fico rindo à toa; eles jamais seriam capazes de me reconstruir para sentenciar meus pecados, eis que os átomos que me compunham estariam convertidos em uma impenetrável massa de grafite, sem genes nem cromossomos, sem desenho singular de íris e sem impressão digital...

Não foi por acaso que o gênio de Antoine Laurent de Lavoisier cunhou a mais arquetípica e sacrossanta verdade da Natureza, e, já em nossos dias, Yan Fleming deixou claro que os “Diamantes São Eternos”...
Mario Gentil Costa

9 comentários:

Orlando Tambosi disse...

Espero que o processo barateie até eu bater as botas...

shirlei horta disse...

Adorei o novo blog! E é muito mais rápido de acessar.

Sobre o equilíbrio ser o sexto sentido, tenho quase certeza de já ter lido no seu outro blog e acho brilhante... ops! Não quero virar diamante, não!

Boa sorte, sucesso!!

Shirlei

Lêda disse...

TICO TICO

Lêda disse...

Mário,eu não estava conseguindo enviar o meu comentário e estava
fazendo um teste.Esta a razão do
Tico-tico.
Acho que para as pessoas preocupadas em se perpetuarem,mesmo
na forma de um diamante,esta seria uma boa solução.
Para mim,as pessoas queridas ficam para sempre na minha saudade.
Quem sabe,no dia do Juízo Final os
"anjos" achariam um meio de juntar os seus genes,cromossomos.... e o
reconstruiriam,só para verem a sua expressão no momento da sentença final: "Mário,os seus pecados foram pecadinhos.Estará condenado a passar a eternidade no Céu"...
Parabéns pelo seu novo blog.
Um abraço.
Lêda

Anônimo disse...

LÊDA, AGORA, SIM, ESTÁ TUDO RESOLVIDO. VOCÊ É MUITO BONDOSA AO ESPERAR QUE, SE O JUÍZO FINAL ACONTECESSE, EU, UM HEREGE IMPENITENTE, SERIA PERDOADO. MAS COMO ELE JAMAIS ACONTECERÁ, FICA O DITO POR NÃO DITO. EM TODO CASO, AGRADEÇO SUA GENEROSA ABSOLVIÇÃO. E VOLTE SEMPRE. MARIO

Walter Ramos disse...

Gostei muito do blog,é muito interressante,foi um amigo que me indicou,serei um leitor assiduo.Estou começando agora com blog,o meu e sobre monumentos urbanos de São Paulo e tb tenho um

site: www.monumentos.art.br

e o blog http://monumentourbano.blogspot.com
AGADEÇO PELO SEU BLOG POIS APRENDI MUITO E VOU TENTAR APRENDER MAIS.


ABRAÇOS, WALTER RAMOS

Anônimo disse...

PROFESSOR WALTER RAMOS, FIQUEI HONRADO COM SUA VISITA, COM SEU APLAUSO E COM SUA FUTURA ASSIDUIDADE. VISITEI SEU BLOGUE. CONGRATULO-ME COM O MÉRITO DIDÁTICO-CULTURAL DE SUA BUSCA PELA RECUPERAÇÃO DA ICONOGRAFIA QUE REGISTRA A HISTÓRIA DA PAULICÉIA. CALOROSO ABRAÇO. MARIO GENTIL COSTA (MaGenCo)

Anônimo disse...

Também gostei da idéia.

Anônimo disse...

MAGUI, ACREDITO QUE TRANSFUNDIR-SE EM UM DIAMANTE SERIA UMA PERSPECTIVA BEM ACEITA PELA MAIORIA. DE RESTO, NÃO VEJO OUTRA MANEIRA DE SER ETERNO... MARIO MaGenCo