segunda-feira, 3 de novembro de 2008

“O EQUILÍBRIO É O SEXTO SENTIDO”
“Ter pensado e não ter escrito é quase o mesmo que não ter pensado...”

Pois aconteceu comigo. Há muitos anos. E vem agora à tona com a força de um petardo, através da notícia que acabo de ler na Internet:

Quarta, 29 de outubro de 2008, 08h47
SEXTO SENTIDO É O QUE NOS MANTÉM DE PÉ

Uma parte essencial de nossa percepção de individualidade é o sistema vestibular – ou “Labirinto” – um conjunto duplo de pequenos órgãos sensoriais embutidos nos ossos das têmporas, dos dois lados da cabeça, ao lado da cóclea (ou caracol), no ouvido interno.

O sistema vestibular não era, até recentemente, considerado um sentido completo como os outros cinco – visão, audição, olfato, tato e paladar.
Pois ele acaba de conquistar esse patamar, esse status. Os neurocientistas, cada vez mais, estudam e admiram sua sofisticação e sensibilidade, bem como a maneira como ele nos diz onde estamos e o que estamos fazendo, além de nos orientar sobre como manter nosso equilíbrio espacial.

O último número da revista científica americana Sensation and Perception traz um artigo sobre o assunto, assinado por Daniel Merfeld, professor associado da Escola de Medicina de Harvard e especialista no sistema vestibular:
“Ele funciona como pequenos giroscópios e aceleradores lineares orgânicos.”
***
Há muitos anos, acordado em plena madrugada, me ocorreu essa idéia surpreendente:
“O SEXTO SENTIDO É O EQUILÍBRIO”
Um sexto sentido concreto, topográfico, com casa e endereço próprios, e não mais a acepção vaga, em certos casos quase mística, com que definíamos algum sensor individual incomum.
Esse, se houver, será, a partir de agora, um sétimo sentido.
Mas, no dia seguinte, a idéia persistia, cada vez mais imperiosa. E plausível. Conversei com alguns colegas escolhidos, e ninguém, salvo meus familiares – que são leigos – me levou a sério. E como de costume, o tempo, a indecisão e a humildade foram, aos poucos, sepultando a inspiração no esquecimento.
Mesmo assim, para massagear meu ego, escrevi uma historinha caseira – “O Sexto Sentido” – que cheguei a publicar no meu antigo blogue: – um velho médico, clínico do interior, tem idêntica percepção. Mas contenta-se em comunicá-la à família na hora do almoço. Instado, por seu filho mais moço, a registrá-la cientificamente, justifica-se com as desculpas de praxe e com o modesto consolo de ter pensado antes dos outros. E morre antes que a novidade seja divulgada pela imprensa...
Claro que na vida real, levá-la adiante me obrigaria a dispor das condições, da competência e da infraestrutura acadêmica para o devido aprofundamento. Impossível, todavia, não era.

Mais um cavalo que passou encilhado, e eu não o montei. A única vantagem que levo sobre meu personagem é que vivi o suficiente para ter minha idéia confirmada...

Mario Gentil Costa

4 comentários:

Aluizio Amorim disse...

Salve, Mário!

Este blog novo está supimpa! Ficou muito boa a postagem. Meu parabéns!
Agora ninguém segura mais o melhor cronista da blogosfera!
Abração do
Aluízio Amorim

MaGenCo disse...

GRANDE ALUÍZIO AMORIM, VOCÊ, COMO SEMPRE, BONDOSO NA NOTA QUE ME DÁ. NÃO SE ESQUEÇA DE QUE O MÉRITO DA MONTAGEM É TODO SEU. ABRAÇÃO. MAGENCO

Ercy Soar disse...

Prezado Mário.
Parabéns pelo novo blog. Está muito bonito mesmo! E obrigado pela deferência de manter um link do meu, dentre tão poucos.
Quanto a este post, que achei ótimo, fiquei pensando se nao existem ainda outros sentidos, como o cinestésico (sensação de movimento) e o cenestésico (percepção dos órgãos internos). Digo isto porque existem esses tipos de alucinações e, portanto, supostamente, deve haver os respectivos sentidos. O que vc acha?
Grande abraço,
Ercy

Anônimo disse...

CARO ERCY, EM TESE, CONCORDO COM VOCÊ. SÓ FAÇO QUESTÃO DE COLOCAR O EQUILÍBRIO EM PÉ-DE-IGUALDADE COM OS CINCO TRADICIONAIS. QUANTO AOS OUTROS, CITADOS POR VOCÊ, ACHO QUE O CINESTÉSICO LHE ESTARIA SUBORDINADO NA CONDIÇÃO DE SENSAÇÃO DE MOVIMENTO. JÁ O CENESTÉSICO, EU O INCLUIRIA SOB O RÓTULO GENÉRICO DE SENSIBILIDADE PROPIOCEPTIVA GERAL, AQUELA QUE NOS FAZ TER NOÇÃO DA EXISTÊNCIA FISICA DO CORPO OU DE SUAS PARTES. ISTO É, PODEMOS, A QUALQUER MOMENTO, FOCAR NOSSA CONSCIÊNCIA NA PRESENÇA MATERIAL DE UM MEMBRO EM PARTICULAR E SENTIR SUA PRESENÇA. EXEMPLO: IMAGINO MINHA ORELHA DIREITA E PASSO A SENTIR QUE ELA ESTÁ ALI. NÃO SEI SE ME FAÇO ENTENDER, MAS, À FALTA DE PALAVRAS MAIS EXATAS, É ASSIM QUE PENSO. E, MAIS UMA VEZ, OBRIGADO POR SUA GENTILEZA EM COMENTAR MINHAS ESCREVINHAÇÕES. ABRAÇO. MARIO