domingo, 8 de março de 2009


“O PELÉ, CALADO, É UM POETA...”

Imagino que muitos tenham lido, nas páginas amarelas de uma das últimas edições de “Veja”, a entrevista com o Pelé. E gostaria de conhecer a reação de cada um, ou melhor, sua interpretação.

A minha se resume na frase lapidar do “baixinho” Romário, pronunciada há algum tempo num brilhante improviso à beira do gramado:
“O Pelé, calado, é um poeta...”
Aliás, em termos de agudeza crítica e senso de humor, esse ‘Baixinho’ dá um banho em muita gente boa...

Não nego a importância do Pelé como jogador de futebol; seria injustiça e até ingratidão. Ele, de fato, contribuiu de maneira substancial para divulgar a imagem do Brasil no mundo. Mas cá entre nós, a julgar pelo nível médio de suas declarações, não tenho a menor curiosidade em assistir a uma de suas ‘palestras’. Ele acha, até, que poderia ser um grande presidente da república, mas não quer (‘ser político...’).

Outro detalhe que me espanta é sua irritante mania de se apresentar como duas pessoas – o Edson e o Pelé. No começo, até ficou engraçadinho. A turma absorveu sem maiores comentários. Mas já encheu. O homem se divide em dois com a maior cara-de-pau. E um inocenta ou enaltece o outro – “O Pelé nunca esteve envolvido em escândalos...”, mas o Edson deu suas mancadas...? Ou vice-versa?

É incrível, também, a sobranceria com que ele tripudia sobre a imagem dos que ousaram fazer-lhe sombra: “O Romário diz ter feito 1000 gols, mas não chegou aos meus 1283, além de tê-los contado desde o juvenil e até o infantil”; “O que interessa é o que o futebol e o Pelé trouxeram de importante para o mundo”; “Os jovens tem de saber o valor que o Brasil tem e o Pelé tem”; “Todo mundo sabe que o Pelé foi melhor que o Maradona, pois cabeceava melhor e chutava com as duas pernas”; “O Maradona foi um grande jogador, que, infelizmente, se envolveu com drogas”; “O brasileiro me ama, me adora, mas tem cisma com quem faz sucesso”; “Há jornalistas que inventam algo contra o Pelé, mas como eu sou o Edson, amigo do Pelé desde criança, não ligo”; “Fui convidado para a posse do Obama, mas tinha de gravar um comercial e não deu pra ir. Quando o Obama estiver mais calmo, passo lá pra tomar um café, como fiz com o Kennedy, com o Nixon e com o Clinton. Outro dia, me disseram que o Obama ficou mais conhecido que o Pelé. Aí, brinquei: ‘Por enquanto’! Em quatro anos, ele pode até ficar mais famoso, mas eu continuarei a ser rei. Já ouvi até que o Pelé é mais famoso que Jesus Cristo. Não sou eu que digo isso, viu? Ouvi de um jornalista japonês”.
“Aliás, eu sou Cavaleiro do Império Britânico, título que ganhei da rainha da Inglaterra”.
“O Pelé é imortal; o Edson, não. É difícil para o Edson carregar a fama do Pelé. É um desafio minuto a minuto, porque as tentações são muitas. O Edson é humano e sabe que é o equilíbrio e a base do Pelé; os dois sabem o quanto é importante não decepcionar o povo brasileiro”.

Quanta modéstia!
Assim, com tudo o que ficou explícito e implícito nessa entrevista, a conclusão inequívoca a que eu chego – e espero que o leitor também – é que o Romário superou-se quando disse:
“O Pelé, calado, é um poeta...”
Grande “Baixinho” Romário!

Mario Gentil Costa






















8 comentários:

Anônimo disse...

Mário,não sei o porquê desta preocupação que ele tem de separar o Edson do Pelé.
Na entrevista, se mostra envaidecido de suas qualidades e se vê como um exemplo para as atuais e futuras gerações.O seu discurso é uma supervalorização da sua imagem.Não sobrou nada pra ninguém....
Não discuto o seu mérito no esporte,mas penso que um pouco de modéstia não faria mal algum.
Um abraço
Lêda

Anônimo disse...

LÊDA, FICO ENVAIDECIDO COM SEU APOIO; ALIÁS, DE VOCÊ, NÃO ESPERARIA OUTRA COISA. GRATO. MARIO

Anônimo disse...

Eu gosto do Pelé.Um homem que mudou um esporte como o futebol e o fez ser o que é hoje pode falar o que quiser.Muitas figuras histórias se tornaram matando, destruindo e sendo péssimos exemplos e ele ajudou a construir o esporte mais popular do mundo trazendo felicidade, dinheiro e sucesso para centenas de milharres. O resto não tem importância mesmo porque, o que ele fala, tem um fundo de igenuidade e senso de humor o que o fez ser quem é, isto é, não ver quem não gosta dele e seguir a vida com sucesso livrando-se das armadilhas dos exploradores e das traições, inclusive o próprio filho.

Anônimo disse...

MAGUI, ESTÁ É UMA COLUNA LIVRE, E CADA UM TEM O DIREITO DE EXPRESSAR SUA OPINIÃO - OBRIGADO - MaGenCo

Magui disse...

Desistiu de blogar ? Como vc está?

MARIO GENTIL COSTA disse...

MAGUI, EU ESTOU BEM. APENAS TENHO DADO ATENÇÃO A OUTRAS PRIORIDADES. VOLTAREI A BLOGAR QUANDO DER. OBRIGADO PELO INTERESSE. ABRAÇO. MARIO

Anônimo disse...

Bom, como pai... o Pelé e o Edson foram uma grande ausência...

Cadê as crônicas, Mario? Está escrevendo outro livro?

Shirlei

Lêda R. J. Chaves disse...

Há quanto tempo,Mário!
Estou com saudade dos seus textos.
Um abraço.
Lêda